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Ser brasileira, nos EUA

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Há quem diga que brasileiros vêem os EUA como um paraíso consumista, recheado de Carter’s e Michael Kors (pras quem não tem filhos, obviamente).

Há ainda o mundo maravilhoso dos eletrônicos e das pessoas de classe merdia “siachando” na chegada em Guarulhos com as malas recheadas de tranqueira e aquele formulário maroto de “nada a declarar ” nas mãos. E há ainda aqueles que moram nas Terras do Tio Sam, mesmo sendo chegadas num guaraná e vêem a realidade.

Pensando nisso e completando 6 meses de abstinência de Nescau, pão de queijo, catupiry AND requeijão, guaraná e pizza de verdade, resolvi dividir com vocês, as MINHAS experiências, sendo mãe aqui na terra do Tio Sam.

Quem vem cumigu?

1- Morar em lugar frio te faz dar valor as estações do ano: Cara, eu nunca passei tanto frio como nos últimos meses. Chegamos em jan/14, no maior inverno atípico da região. Pegamos facilmente -28C, com sensação de -32C. Quem ria da Sibéria, e porque nunca veio a Wisconsin. Obvio que as casas são preparadas, obvio que as roupas são diferentes, obvio que há toda uma infraestrutura para isso, mas no nosso caso, estamos (ainda) sem carro e fazer compra de mercado, carregando filho, compras, sacola no frio, é coisa pra xingar o mundo e se questionar porque você saiu do Brasil.

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Eu, sensualizando no lago congelado.

2-A qualidade de vida: Ai quando você chega em casa, depois de ter pego o ônibus, no inverno e olha a sua volta e não vê: sujeira na rua, violência, transito e poluição, você chega a conclusão de que -32C nem é tão frio assim. Pelo menos aqui em Madison, (assim como as outras cidades americanas que conheci) você vive, não sobrevive. As pessoas respeitam os pedestres e ciclistas, não tem poluição, o ônibus chega na hora, os mercados tem o mesmo valor desde sempre, você não fica paranóico de parar no farol e sair a noite a pé. Ok, Madison tem recebido algumas gangues de Chicago e Detroit, Ok que há medo em algumas partes da cidade, OK que você não esta imune a violência. Mas nada, NADA se compara a morar em SP, juro.

3-Os precos de tudo. Relembrando o que falei no começo da minha analise poética-social-capitalista ai em cima, aqui nos EUA as coisas são baratas e ponto. Voce compra roupas boas pro seu filho por menos de 10 dolares (o que me faz CHORAR quando vejo o pessoal vendendo Body da Carter’s/GAP/Whatever por 70 Dilmas), as promoções são verdadeiras (já comprei roupa pro Thomas por 2 dolares e não se desintegrou na primeira e nem segunda lavagem), você tem a sorte de estar num pais super capitalista que vê as coisas como descartáveis, então, tudo é barato pra incentivar o consumismo. Se você é uma ex-descontrolada financeira como eu era, você pira na batatinha (ou get crazy na french fries, pra combinar). Quando você se da conta de que mora aqui e não esta de férias, fica imune as tentações e não gasta dinheiro como se não houvesse amanha (ou como se houvesse o fim das férias). A alimentação é barata sim, o que nos leva ao outro tópico.

4-A alimentação: Se você gosta de junk food, vai encontrar. Mas se você como eu, gosta de comer direito, também vai encontrar. Essa historia de que americano come bacon no café da manha e sanduiche no almoço é verdade, mas você pode manter o padrão brasileiro SIM de alimentaçao aqui. Vejam por exemplo, aqui em casa, marido leva marmita, então eu cozinho todos os dias. Faco arroz, feijão, frango assado, ensopado, strogonoff, macarrão a bolonhesa, legumes (chuchu, mandioca, cenoura, abóbora, abobrinha, etc) tem verduras como espinafre, salsao, chicória, escarola. Tem peixes, carne de porco, bife, ou seja: TEM TUDO, só come mal quem quer. Aqui em casa, compramos exatamente a mesma coisa que no Brasil, até coisas que eu achava que nunca encontraria, como creme de leite e leite moca. Obvio que algumas brasileirices eu não acho, como as que citei acima, mas ate fuba eu encontrei aqui. O legal e sempre dar uma passada na secao mexicana, porque por incrível que pareça, eles tem MUITAS coisas parecidas com a nossa culinária.

5-Tarefas domésticas. Um dia, eu falei com um ex-chefe meu sobre ser expatriada pela empresa e ele me disse que não “seria fácil pois la fora não tem empregada doméstica“. Ri alto internamente e disse com a  maior educação: ” Ah, isso eu faco aqui em SP também”, quando na verdade minha vontade foi dizer que limpar privada nunca matou ninguém. Mas enfim, aqui nos EUA não tem babá , folguista, não tem faxineira, diarista, a não ser que você seja MUITO rico. As pessoas fazem tudo na própria casa e há inúmeras opções pra facilitar sua vida. Aqui em casa, meu marido ajuda nas tarefas (ai, ajuda. Do verbo “faz tudo que precisa, mas to com preguiça de procurar um termo blog-politico”, rs). Dividimos tudo que precisa ser feito e o legal e que alem de ir rápido, o banheiro fica muito mais brilhante, porque ele é mais forte, Ra!  Mas falando sério, tem muitas coisas legais que podemos usar e uma delas é esse Swiffer (aceito brinde, viu empresa que te fabrica, mas que não fala português). Isso é genial. Tem ainda um pad molhado que você esfrega, limpa a casa e joga fora. O cara que importar isso no Brasil, fica rico, porque eu certamente compraria. Nao precisa de balde e desinfetante, é demais!

6-Nem tudo e tão barato. Voce aqui não tem saúde grátis. Ou seja, mesmo que você tenha convênio, você paga uma co-participacao. Alta, muito alta. Uma amiga nossa caiu e quebrou o pulso e mesmo tendo seguro saúde, ainda precisa pagar uma “continha” de 14 mil dólares. Fralda e caro. Paga-se em media 30 dólares por caixa de pampers. Eu acho caro. Carro não e tão barato assim. Claro, você compra umas tranqueiras por mil dólares, mas no geral, um carro legal custa em media 8, 9 mil dolares e demora pra você juntar isso tudo, pois as taxas de juros pra financiamento são altas também.  Aqui em Wisconsin, o ensino e gratuito a partir dos 5 anos da criança. Até la, os Day care são pagos e BEM pagos.

7-Nao tem essa de espirrou, vai pro PS. Como a saúde aqui é muito cara, não tem aquela coisa de Hospital São Luiz com 3hs de espera. Aqui você só vai ao hospital se esta morrendo. Criança com febre? Da Ibuprofeno. Criança caiu e cortou a testa? Nao e fundo? Da um ponto falso com o kit da farmácia. Aqui se você conta que no Brasil as pessoas vão pro hospital no menor sinal de espirro e catarro, as pessoas riem. Voce compra quase tudo na farmácia, com exceção de remédios controlados. Sabe aquela tarja vermelha de remédio brasileiro que diz: “Venda com prescrição médica” e que todo farmaceutico ignora? Então, aqui eles levam a sério, mesmo que seja pra comprar anticoncepcional. Sem receita, não tem venda. O legal é que se você vai no médico, ele te pergunta qual a farmácia mais próxima da sua casa e manda a receita eletronicamente pra la e você só tem o trabalho de ir e pegar o remédio. Outra coisa legal que eu só via no ER com o George Clooney, e que é de verdade, tem um prontuário medico registrado no seu nome. Qualquer um que digite seu nome nos 50 estados acha sua ficha. Isso é demais!

8-Nao tem essa orgia de comemorações infantis. Festa na maternidade? Festa de 1 ano em buffet? Isso non ecxiste. Aqui é tudo caseiro e delicioso. E bem verdade que as lojas vendem praticamente TUDO pra você fazer uma festa de arromba, mas normalmente é em casa e os pais e amigos que fazem tudo.

9-Eu sinto muito menos pressão pela aparência. Aqui essa neurose de emagrecer, estar com o corpo perfeito 2 min pós parto, cabelo no lugar e roupa chuchu pra ir fazer compra não existe. As pessoas, mulheres também, vão ao mercado de pijama (ok, acho exagero), mas ninguém se importa, ninguém liga. Sabe aquele programa “esquadrão da Moda”, versão americana? E tudo verdade. O pessoal não se importa se sua unha esta lascada, se o cabelo esta bagunçado ou se sua bunda tem 3 furos de celulite na praia. Aqui e tudo muito mais relax e tudo muito mais “humano”. Claro que o fato de eu não morar em Beverly Hills influencia. Aqui estou muito mais próxima do campo do que da metrópole, mas mesmo em NYC já vi muita gente desencanada e relax com a aparência. Aqui, isso não e tão importante quanto no Brasil.

E ai, vocês querem saber mais alguma coisa?


Arquivado em:eua, viagem

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